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sábado, 18 de agosto de 2012

5 mitos sobre o estresse

Apesar de ele estar na boca - e na mente - do povo, controlá-lo não é uma tarefa tranquila. SAÚDE vai além do senso comum e, baseada na ciência, aponta as medidas que acalmam pra valer.




Morar no último andar de um prédio garante uma bela vista. Por outro lado, implica longas viagens de elevador ou de escada. Em outras palavras, dependendo de como se encara a situação, a cobertura vira um sonho ou um aborrecimento. "Com o estresse, ocorre algo semelhante: o fato em si importa menos do que a maneira como é assimilado", avalia a psicóloga Valquíria Trícoli, vice-presidente da Associação Brasileira de Stress. A confusão, entretanto, começa na hora de decidir o que fazer para lidar com o nervosismo. Certas práticas que aparentemente esfriam a cabeça podem, na verdade, acabar esquentando os ânimos. "Estamos mais preparados para gerenciar o estresse. Só que, por falta de informação, as pessoas cometem erros que as prejudicam ainda mais", reforça o psicólogo Esdras Vasconcellos, da Universidade de São Paulo. Chega o momento de introduzir as atitudes que causam uma tempestade na massa cinzenta e as correções que asseguram a bonança cerebral. Vamos aos mitos.



1 - NÃO SE PROGRAME

A língua portuguesa é ambígua em alguns casos. No dicionário Houaiss, por exemplo, a palavra relaxado caracteriza tanto os indivíduos descontraídos como aqueles negligentes. E até por causa desse encontro de significados muita gente crê piamente que a displicência é sinônimo de calmaria. Todavia, isso não poderia estar mais longe da realidade. "Priorizar certos assuntos, organizar-se e manter uma agenda dos eventos são passos importantes para manter a serenidade", revela Ana Maria Rossi, psicóloga da Clínica de Stress e Biofeedback, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Afinal, aí estão enumerados jeitos simples de se preparar para enfrentar o que vem ao longo do dia e, então, evitar surpresas desagradáveis ou instantes embaraçosos, dois fatores capazes de alavancar os níveis de adrenalina no organismo. Mas que fique claro: a disciplina precisa ser acompanhada de flexibilidade. "Ficar engessado também atrapalha, porque qualquer imprevisto pode desencadear nervosismo", esclarece Ana Maria.



2 - MEDITE!

A tal arte milenar oriental, assim como a ioga ou até o tai chi chuan, é preconizada como um dos alívios mais eficazes para a tensão excessiva. Ela realmente tem seu valor, porém somente para quem a aprecia. Forçar alguém reconhecidamente elétrico a ficar imóvel enquanto se concentra em seu próprio corpo, além de não adiantar nada, contribui para o surgimento de uma sensação precursora do estresse: a ansiedade. "Determinados pacientes relaxam mais com exercícios físicos, outros com a leitura, e há quem aposte nas músicas", elenca a psicóloga Selma Bordin, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A regra, portanto, é investir no que você gosta. Mas para toda norma há uma exceção. "Um jogo de cartas, se ficar muito competitivo, torna-se igualmente estressante", exemplifica Esdras Vasconcellos. "É importante valorizar a diversão nesses momentos em vez de se concentrar somente na vitória ou na derrota", acrescenta. 

 3 - FALE ATÉ FICAR ROUCO!

Discutir a perda de um emprego ou a de um ente querido auxilia a superar o trauma. Entre outras coisas, o próprio ato de falar exige uma organização prévia do pensamento — premissa essencial para passar por cima das pedras que atravessam o seu caminho. Acontece que, em contrapartida, a insistência no assunto quase sempre culmina em nervos exaltados. "A mente não trabalha com tempos diferentes. Um evento passado, se relembrado, vem para o presente", explica a psicóloga Ana Maria Rossi. Isso quer dizer que remoer tópicos desagradáveis de tempos atrás com os amigos costuma terminar em irritação. O pior é que isso não ocorre só porque a questão continua a rondar as conversas do sujeito. Na verdade, as próprias palavras dos companheiros às vezes causam desconforto por se oporem ao raciocínio do estressado do momento. Por isso, os especialistas aconselham buscar parceiros de papo que sejam bons ouvintes e que busquem apenas aprofundar o debate. "Ajuda mais quem não emite opiniões. Caso contrário, aquele processo de estruturação das ideias é inibido", relata Selma Bordin.



4 - NUNCA DURMA NERVOSO

Em um mundo ideal, as preocupações ficariam restritas ao período em que o sol dá as caras. Mas, na realidade, cada vez mais elementos interferem no equilíbrio do dia — e muitos deles não têm medo do escuro da noite. Por isso, sejamos sinceros: aquela velha máxima de não levar problemas para a cama é difícil de ser aplicada ao pé da letra. E, mais do que isso, se trocamos horas de sono para resolver pendências, o risco de o estresse despertar junto com você aumenta. "Há estudos que relacionam um sono inadequado à secreção de hormônios como o cortisol, ligado ao estresse", aponta Rafael Freire, psiquiatra da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Uma estratégia que traz bons resultados é, em vez de resolver o que o atormenta na calada da madrugada, traçar um planejamento do que realizar ao amanhecer para solucionar a situação. Essa luz no fim do túnel serve como calmante e, de quebra, agiliza a resolução de fatores enervantes.



5 - SEMPRE RECORRA AOS FAMILIARES

As pessoas da sua família, até pela intimidade, servem como válvula de escape em muitas ocasiões. E a ciência realmente comprova que uma boa estrutura em casa reduz a inquietação excessiva. Agora, há momentos e momentos para apelar à mãe, ao pai... Na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, pesquisadores observaram que, durante uma atividade aflitiva, voluntários colocados ao lado do seu animal de estimação apresentavam a frequência cardíaca e a pressão sanguínea mais controladas do que os participantes que ficavam junto do marido ou da mulher. Isto é, se um irmão ou mesmo um primo podem até servir como um bom ouvido, aquele companheiro peludo e de quatro patas funciona melhor para atenuar os efeitos do estresse. "O bicho é afetivo, não cobra nada e ainda tira o foco do tormento", declara a psicóloga Valquíria Trícoli. Sem contar que a proximidade entre indivíduos com o mesmo sobrenome gera, em certos temas, exigências que só intensificam o desassossego.



RESPIRE FUNDO!

Pôr oxigênio para dentro e gás carbônico para fora não é tão fácil quanto parece. Ao longo da vida — e inclusive por causa de traumas ou acontecimentos emocionalmente marcantes —, a respiração vai ficando apressada. Isso, por sua vez, não contribui em nada quando os circuitos cerebrais já estão funcionando sob alta tensão. É por essas e por outras que os especialistas são unânimes: usar e abusar do diafragma, o músculo responsável por encher e esvaziar os pulmões, ajuda demais a manter a paciência. "Na hora de lidar com um desafio estressor, respirar profundamente oxigena as células cerebrais e serve como elemento tranquilizador", afirma a psicóloga Marilda Lipp, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, no interior paulista.   


  Faça terapia

Se nenhuma das alternativas acima surtiu efeito, o melhor é procurar ajuda especializada. A terapia geralmente empregada é a cognitiva comportamental. O terapeuta tenta minimizar o incômodo que uma determinada situação provoca no indivíduo.
Aquela ansiedade exagerada que surge quando a gente espera horas a fio numa fila de banco muitas vezes não tem uma causa lógica. É isso o que o especialista tenta demonstrar ao paciente, fazendo com ele questione os motivos que o levam a se estressar em demasia. No final das contas, a pessoa passa a enfrentar de uma maneira melhor os entraves diários


O lado bom do estresse

Manter a tensão elevada pode melhorar a memória

A tensão elevada é vista como inimiga do bem-estar. Mas trabalhos recentes ao redor do globo demonstram que essa sensação pode auxiliar no armazenamento das lembranças. "Quem fica relaxado em reuniões, por exemplo, tende a não memorizar boa parte da discussão. Se a pessoa está um pouco estressada, a concentração aumenta e, aí, os fatos são retidos", pondera a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association do Brasil. Só que há um detalhe: isso vale para casos em que esse estado de excitação não seja intenso ao extremo ou dure muito mais do que uma hora. Caso contrário, a mente entra em pane.


Problemas relacionados ao estresse

Transtorno de Ansiedade Generalizada


Qualquer probleminha vira um problemão para aqueles que sofrem desse mal. "A preocupação com tudo é tão forte que o indivíduo acorda e vai dormir ansioso ", explica o psiquiatra Leonardo Gama Filho, chefe do serviço de saúde mental do Hospital Lourenço Jorge. Tanta ansiedade traz consequências inconvenientes. O portador do transtorno geralmente tem sono agitado , sente o coração bater acelerado e o suor escorrer pela testa a todo momento e os músculos doem como se o corpo todo estivesse travado.


Pânico

Uma crise de ansiedade aparece sub i tamente e passa depois de uns vinte minutos. É a síndrome do pânico. E nem precisa de um fator desencadeante, como uma situação de forte tensão. Novamente, quem sente é o coração, que bate tanto que parece querer sair pela goela. Tontura, falta de ar e uma enorme sensação de desconforto por todo o corpo acompanham a crise.


Fobias

São aqueles medos exagerados de aranhas, por exemplo, ou de ficar muito tempo em lugares fechados. A aversão é tamanha que a vítima evita ao máximo a exposição a situações em que o desespero pode dar as caras. Há também a chamada fobia social. " A pessoa se afasta do convívio com estranhos por medo de ser ridicularizada. É uma timidez doentia", comenta Leonardo.



Transtorno de estresse pós-traumático

Trata-se de um mal cada vez mais comum nos grandes centros urbanos. Isso porque ele costuma aparecer, como o próprio nome sugere, depois de uma experiência traumática, como um assalto ou um acidente de carro. " Quem passou por uma situação dessas revive o acontecimento em sonhos , mesmo acordada", diz o psiquiatra. O sofrimento chega a ser tanto que pode levar a um quadro de depressão profunda.




O estresse dentro de casa



É só um exemplo. O pai chega bufando do trabalho, morto de cansaço. A mãe, assim que o vê entrar, vai logo reclamando dos problemas da casa e o filho, ansioso, exige atenção para o desenho que fez na escola. É praticamente certo que o homem não dê bola para nenhum dos dois. Afinal, ele teve um dia difícil. “Nessa hora é bom dar um tempo até a pessoa relaxar. Por outro lado, é importante ouvir o que a meninada tem a dizer toda vez que puxa conversa”, aconselha a psicóloga clínica Jadete Calisto, de São Paulo. Os pais são a primeira referência da criança, que vai reproduzir em sociedade o comportamento que vê em casa. Enervar-se à toa pode ser apenas um jeito de imitar o papai estressado.



  Três estratégias contra o estresse

Engarrafamentos, reprovações na faculdade, problemas profissionais, espera no aeroporto... Levante a mão quem nunca ficou com os nervos à flor da pele diante de uma dessas situações. Felizmente, há formas de evitar que seu pavio fique ainda mais curto. Tudo depende de como a gente lida com os acontecimentos.

É o que prega a terapia cognitiva comportamental, hoje uma das linhas da psicologia mais em voga quando o assunto é tratamento do estresse. De acordo com essa corrente, os eventos em si não são estressantes. Na verdade, é a forma como os encaremos que pode ou não deflagrar toda a tensão. SAÚDE! conversou com José Roberto Leite, especialista na terapia e professor da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp. Abaixo, ele recomenda três estratégias para você não se tornar refém do estresse no dia-a-dia.

Respire fundo

Medite

Faça terapia









               

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