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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Gases, dicas para se livrar deste incômodo

Acredita-se que produzimos cerca de três litros de gases ao dia e que de 15 a 20 eliminações de flatos são realizadas por todos, diariamente; porém, em alguns indivíduos esta quantidade é ainda maior.

O tema é delicado – pois provoca vergonha e acomete muitas pessoas em diferentes ocasiões. Estamos falando dos gases intestinais, originários do ar que engolimos (aerofagia) ou da fermentação de restos alimentares, no intestino, pelas bactérias que normalmente o habitam.

“O problema aparece, na maioria das vezes, por causa dos carboidratos não digeridos, que acabam fermentados pelas bactérias”, explica o médico gastroenterologista José Antonio Flores da Cunha, da Clínica São Vicente (Gastro Gávea), no Rio de Janeiro.

Ele ressalta que a presença de gases no intestino, assim como sua eliminação por meio de ‘flatos’, é considerada normal – embora fonte de tanto desconforto e embaraço. “Algumas pessoas apresentam uma quantidade maior do problema, que pode causar dor e distensão no abdômen, além de situações de constrangimento. Em geral, são as que priorizam uma alimentação rica em itens sujeitos a maior fermentação”, salienta o gastroenterologista. Na verdade, todos nós produzimos gases quando engolimos ar ou durante a digestão.

“Acredita-se que cerca de 3 litros são produzidos ao dia e que de 15 a 20 eliminações de flatos são realizadas por todos, diariamente. Porém, em alguns indivíduos esta quantidade é ainda maior, o que pode ter a ver com a dieta, como já foi dito, ou predisposição genética ou adquirida, como no caso de intolerância à lactose do leite e ao glúten.” Quando isso acontece, ao ingerir leite e derivados e itens com glúten, a digestão não se dá de forma satisfatória, causando gases e até diarreia.

Algumas medicações, como antibióticos que alteram a flora intestinal ou remédios para diabetes, ou mesmo o estresse favorecem o surgimento do problema, conforme diz Liliane Oppermann, médica nutróloga e ortomolecular, professora da pós-graduação de Medicina Ortomolecular na Fundação de Apoio à Pesquisa e Estudo na Área da Saúde (Fapes).

“Muitos alimentos não são processados adequadamente pela mastigação ineficiente, forma e velocidade com que se come, falta de enzimas digestivas, alterações no pH local e estado emocional, levando a uma fermentação exacerbada.” E tem mais: a falta de atividade física influencia negativamente. “O sedentarismo prejudica o trânsito intestinal, assim como o hábito de ficar muito tempo sentado”, observa o gastroenterologista Rogério Toledo Júnior.





Alimento determina odor


A pergunta que não quer calar: e o que dizer do cheirinho nada agradável desses indesejados gases? A diferença no "aroma", que pode variar de alguns praticamente inodoros a outros super malcheirosos, se deve basicamente ao tipo de alimento ingerido. “Os mais fortes são oriundos da ingestão de itens que contêm enxofre, como algumas comidas em conserva, ovos e rabanete. Mas, é bom destacar, cada caso é um caso, e há variação de resultados de acordo com o indivíduo”, diz Flores da Cunha. “Vegetais como repolho, nabo e couves também costumam liberar enxofre, assim como os grãos apresentam muitos compostos sulfurosos”, completa Oppermann.

Importante: quando a ocorrência exagerada causa sintomas persistentes – como dor abdominal – ou coloca o sujeito em situação embaraçosa frequentemente, é bom consultar um especialista: clínico geral, gastroenterologista, nutrólogo ou nutricionista. Conforme informa José Antonio Flores da Cunha, existem medicações para diminuir a distensão provocada pelos gases, meios de mudar a flora intestinal – com pré e probióticos, por exemplo – e, principalmente, tratamento por meio da reeducação alimentar.

Ele faz uma lista dos itens que mais levam a culpa: leguminosas, como feijão, lentilha e ervilha, porque são ricas em carboidratos; itens que contêm sorbitol, como adoçantes e enlatados, e frutose; bebidas gasosas, alcoólicas ou não; e, claro, leite e derivados em quem tem intolerância à lactose. “Deve-se, evitar, sempre, um cardápio rico em carboidratos. E ficar atento a hábitos que pioram o quadro, como comer rapidamente e mastigar pouco; ingerir poucas fibras, porque pode levar à prisão de ventre; e falar muito durante as refeições, engolindo ar.” Liliane Oppermann ainda acrescenta as frituras e itens com açúcar ou que levam muito fermento na fórmula.




Intestino lento é problema

Até o metabolismo pode ter a ver com o distúrbio. “Indivíduos com ritmo intestinal vagaroso e constipação tendem a permanecer mais tempo com restos alimentares no interior do órgão. Consequentemente, há maior exposição às bactérias e fermentação”, diz o gastroenterologista. Indagado se existem alimentos que combatem os gases, Flores da Cunha diz que o ideal é manter uma dieta balanceada, sem exagero de carboidratos e leguminosas, e com muitos itens ricos em fibras. “Os iogurtes, por causa dos probióticos, chás como os de erva-doce e cidreira, e itens enzimáticos, como mamão papaia e abacaxi, podem ajudar”, completa Liliane Oppermann.
Fernanda Pisciolaro, membro do departamento de psiquiatria e transtornos alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), cita os alimentos que estão associados à menor produção gasosa – e, portanto, podem entrar no menu de quem quer manter os gases sob controle: leite de soja, suco de soja e iogurte; café descafeinado; torradas, biscoitos salgados com pouca gordura, biscoito de polvilho; pães integral, sírio, sueco e francês sem miolo; queijos magros (minas, ricota, cottage, mussarela); sopas caseiras à base de carnes e legumes; carnes magras, cozidas, assadas ou grelhadas; verduras cozidas (agrião, almeirão, chicória, escarola, espinafre); legumes cozidos (abóbora, abobrinha, batata, berinjela, cará, cenoura, chuchu, cogumelo, inhame, mandioquinha e tomate sem pele e sem semente); frutas cruas ou cozidas (banana-maçã, laranja-lima, maçã, mamão, pêra, pêssego, nectarina); gelatina; e temperos como azeite, limão, salsa, sal, vinagre e óleo vegetal.



ALIMENTOS QUE DEVEM SER EVITADOS

Veja a lista feita pela nutricionista da Abeso, Fernanda Pisciolaro:

Leite e creme de leitePães com miolo, pães muito fermentados (como panetone, caseiros e croissants), bolachas e biscoitos doces recheados, biscoitos amanteigados
Verduras e legumes fermentativos: acelga, alho cru, batata-doce, beterraba, brócolis, cebola, couve-flor, couve-manteiga, pepino, pimentão, rabanete e repolho
Tortas e massas com muito fermento ou gordurosas
Feijão, lentilha, ervilha, grão-de-bico, milho e soja
Carnes gordas: acém, carneiro, costela, músculo, porco e vitela
Frios e embutidos: bacon, linguiça, mortadela, presunto, salame e salsicha
Bebidas alcoólicas e gasosas, como água com gás, cerveja e refrigerantes
Açúcar, doces e bolos
Chicletes
Chocolates e achocolatados
Condimentos: catchup, molho shoyo, molho inglês, mostarda, picles, pimenta-do-reino e pimenta-vermelha
Sopas industrializadas, temperos prontos em pó, caldo de carne industrializado
Frituras, itens à milanesa, banha e gorduras em geral.



ALIMENTOS QUE PRODUZEM MENOS GASES

Leite de soja, suco de soja e iogurte
Torradas, biscoitos salgados com pouca gordura, biscoito de polvilho
Pães: integral, sírio, sueco e francês sem miolo
Queijos magros (minas, ricota, cottage, mussarela)
Sopas caseiras à base de carnes e legumes
Carnes magras, cozidas, assadas ou grelhadas
Verduras cozidas (agrião, almeirão, chicória, escarola, espinafre)
Legumes cozidos (abóbora, abobrinha, batata, berinjela, cará, cenoura, chuchu, cogumelo, inhame, mandioquinha e tomate sem pele e sem semente)
Frutas cruas ou cozidas (banana-maçã, laranja-lima, maçã, mamão, pera, pêssego, nectarina)
Gelatina
Temperos como azeite, limão, salsa, sal, vinagre e óleo vegetal



Dicas


1 - Procure manter uma dieta adequada, que inclua todos os grupos necessários, gorduras, carboidratos, proteínas, fibras, de forma balanceada. "O ideal é procurar um nutricionista para reeducação alimentar", sugere o gastroenterologista José Antonio Flores da CunhaShutterstock

2 - Pratique exercícios físicos com regularidade, o que ajuda a conservar um ritmo intestinal normal, evitando a prisão de ventre. "Fortalecer a musculatura abdominal é recomendável", diz a nutróloga Liliane Opperman.

3 - Beba bastante líquido durante o dia, principalmente quando o clima estiver quente. "Este cuidado também auxilia no trânsito intestinal, diminuindo o tempo de permanência de restos alimentares no órgão e sua consequente fermentação", explica o gastroenterologista Antonio Flores da Cunha.

4 - Não exagere na ingestão de bebidas gaseificadas, como chope, cerveja, refrigerantes e água gasosa.

5 - Evite o consumo excessivo dos alimentos que sabidamente provocam gases. "Mas lembre-se de que há diferenças entre cada indivíduo, e um item problemático para um pode não ser para outro. Então, vale observar como seu organismo reage", sugere o gastroenterologista Flores da Cunha. A nutricionista Fernanda Pisciolaro aconselha tomar chás, como o de erva-doce, sem açúcar, ao longo do dia, bem como iogurtes, por causa dos lactobacilos que recompõem a flora intestinal.

6 -  Mastigue bem o que comer, "pois a digestão começa na boca, com o auxílio da saliva". De acordo com o médico da Clínica São Vicente, os alimentos que chegam ao intestino mal digeridos são mais fermentados pelas bactérias locais.

7 - Não fale em demasia durante as refeições. Uma grande quantidade de ar acaba "entrando" junto com a comida.

8 - Controle o estresse. "Quem vive sob tensão tem alterações no pH que comprometem a digestão", salienta a nutróloga Liliane Oppermann. Da mesma forma, não deixe que a ansiedade tome conta de você. "Pessoas ansiosas comem rapidamente e não mastigam direito, o que leva a uma sobrecarga do tubo digestivo".

9 - Não beba muito líquido durante as refeições, pois isso dilui as enzimas e dificulta a digestão.

10 - Tente ter horários regulares para comer, "sem ficar muito tempo em jejum", diz gastroenterologista Rogério Toledo Júnior. Fernanda Pisciolaro, nutricionista da Abeso, recomenda fracionar as refeições a cada duas ou três horas, totalizando de cinco a seis por dia. "Coma, sempre, pequenas quantidades".

11 - Fique sentado após as refeições, e não deitado. "Não jante perto da hora de dormir, o ideal é ter um intervalo de três horas. E, se necessário, eleve a cabeceira da cama ao deitar-se", diz a nutricionista da Abeso.

12 -  Caso haja desconfiança de um problema maior por trás do quadro, procure um especialista para investigação profunda. "É possível que haja intolerância à lactose e ao glúten, ou alguma outra razão, o que exigirá medidas médicas", sustenta o gastroenterologista Flores da Cunha, enfatizando que em hipótese alguma a pessoa deve se automedicar.


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